Que partido, a 15 meses da próxima eleição presidencial, pode dar-se ao luxo de dispor de mais de um candidato com chances naturais de disputá-la? O PMDB de Temer, por exemplo, não tem nenhum.
Depois que o deputado Ulysses Guimarães disputou e perdeu feio a eleição de 1989, a primeira depois de 21 anos da ditatura de 64, o PMDB não apresentou mais candidato próprio à presidência.
Prefere formar grandes bancadas de deputados federais e senadores, governar Estados, controlar prefeituras importantes e reivindicar a condição de partido sem o qual nenhum presidente consegue passar.
O DEM, à procura de um novo nome e de um novo programa, esteve para desaparecer até um dia desses. Voltou a respirar com a eleição de Rodrigo Maia para presidente da Câmara dos Deputados.
Em breve, ganhará mais importância com a adesão a ele de dissidentes de vários partidos de centro e de uma banda do PSB. Mas também carece de candidato próprio à vaga de Temer.
Como o PSB carece desde que morreu Eduardo Campos, governador de Pernambuco. Como carecem partidos de pequeno e médio porte como PDS, PP, PRB e outros.
O minúsculo REDE tem candidato, a ex-ministra Marina Silva. Que será obrigada a ralar muito para se coligar com outros e dispor de razoável tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão.
A falta desse tempo foi mortal para ela em 2014. Embora tivesse disparado nas pesquisas com a morte de Campos, foi massacrada por Dilma no rádio e na televisão e não pode se defender.
O PT e seus satélites são um caso à parte. Têm um candidato mais do que natural e com possibilidades de vencer – Lula. Mas também um candidato que poderá deixar de sê-lo às portas da eleição.
A não ser que a Lava Jato reserve novas surpresas, o PSDB é o único partido que poderia bater no peito e proclamar: tenho dois nomes fortes para suceder Temer, Geraldo Alckmin e João Doria.
Alckmin é forte dentro do partido e reúne condições para ser forte dentro de outros. Doria corre por fora e parece mais de acordo com o perfil de político novo desejado pela maioria dos eleitores.
Mas o PSDB não seria o que é, um partido de muitos caciques e de poucos índios, se não estrebuchasse e esperneasse internamente ao invés de administrar a vantagem com sabedoria. É o que se vê.
Natural que Alckmin e Doria aspirem à indicação do partido. Natural que vão à caça de apoios externos. Só devem cuidar para que não se enfraqueçam mutuamente, nem ponham em risco o partido.
O PSDB poderá atrair a maioria dos partidos que desprezará a companhia do PT sem Lula e que não se sentirá confortável na companhia de Jair Bolsonaro. Mas faça por merecer.