Na semana do aniversário de 432 anos de João Pessoa, o Portal MaisPB traz uma série de matérias sobre a capital. Na primeira reportagem, Caroline Queiroz retrata o abandono da casa onde morou o homem que dá nome à cidade: João Pessoa, presidente da Parahyba e estopim do Golpe de 1930 no Brasil. Daqui em diante, é com Caroline:
Casa onde João Pessoa morou está completamente abandonada (Foto: Caroline Queiroz/MaisPB)
Com 432 anos de histórias, a arquitetura da cidade de João Pessoa revela muito do seu passado. Um casarão antigo, em frente a Praça da Independência, é ignorado pelo olhar apressado de quem passa pelos arredores. A casa onde morou o ex-presidente João Pessoa está abandonada.
Na varanda da residência, uma placa pequena revela quem morou ali. Na frente da casa, outra placa – dessa vez grande, deteriorada e caída no chão, anuncia: “mais uma obra do Governo da Paraíba”. A terceira placa, faltando pedaços e com marcas do tempo, divulga que recursos federais seriam utilizados na revitalização do prédio. Contudo, o cenário assombroso acaba falando muito mais.
A tinta já desbotou e o portão segue fechado com uma corrente enferrujada. Dentro, alguns animais tomam conta do que era pra ser cuidado por autoridades. A casa, que foi considerada Patrimônio Cultural, aguarda ser lembrada.
O matagal tomou conta de quase toda frente, e as paredes foram violadas por pichadores. Da forma que está, a casa não tem identidade, não representa um passado, não conta uma história.
“A história não é a descrição de um novo fato, mas a interpretação de porque as coisas aconteceram como aconteceram”, conta ao Portal MaisPB o historiador Washington Feitosa, que acredita que o abandono da casa do ex-presidente João Pessoa é também um abandono à história.
História que precisa ser relembrada ao se comemorar 432 anos da capital. O político João Pessoa teve um papel fundamental no ponto de vista administrativo para os interesses da Paraíba. Como consequência, o desenvolvimento financeiro e da infraestrutura foram trazendo cada vez mais independência e organização para a capital.
Em 26 de julho de 1930, João Pessoa foi morto por um inimigo político. Em 4 de setembro do mesmo ano, a cidade que se chamava Parahyba, passou a ser João Pessoa. 87 anos depois, a casa em que o líder político viveu por dois anos permanece vazia, cinza, esquecida. O passado da capital acaba adquirindo as mesmas características.
“Não existe história sem o patrimônio material, o patrimônio físico materializa a história”, disse Washington, que completa “o povo que não tem memória, não tem futuro”.
População desconhece a Casa de João Pessoa
A residência que marca um período histórico da Paraíba é conhecida por poucas pessoas. Muita gente que costuma passar em frente ao casarão não faz ideia do que aquela propriedade representa, ou quem um dia morou ali.