Forte no entusiasmo das lideranças políticas. Fraco no quórum do público.
Sobraram gritos de guerra e faltou massa popular – sem engajamento partidário ou sindical – no primeiro ato das Diretas Já, em João Pessoa.
A presença de notáveis nomes da esquerda brasileira não foi suficiente para sensibilizar e comover uma grande e eclética platéia para o evento.
Esperava-se mais de um ato liderado por um partido com cheiro de povo, como o PT, o principal patrono da movimentação.
Contava-se com mais gente, fora a força dos sindicatos e da CUT, envolvidos totalmente com a mobilização.
Previa-se mais porte e amplitude pela presença do governador Ricardo Coutinho, que naturalmente catalisa e inspira a adesão da base governista e gente ligada ao governo.
Essa ausência expressiva e a falta de entusiasmo dos que foram têm uma explicação lógica.
O ato não é inspirado na revolta da sociedade com o estado de coisas e o desgoverno de Temer.
Longe de ser suprapartidário, o movimento tem o DNA do PT e um objetivo nítido, apesar de travestido.
É na verdade uma manifestação contra Temer e uma pré-campanha pró-Lula.
Falta credibilidade de quem convoca e lidera. Foram os que lutaram até as últimas consequências para sustentar um governo que, já na época e agora muito mais se ver depois das delações, estava podre.
E depois de todos os traumas e de nova frustração com o atual governo, ninguém das ruas está mais candidato à massa de manobra.
Muito menos de quem contribuiu significativamente para o caos que estamos a amargar.
A não ser os ‘companheiros’ com interesse direto nesta ‘causa’. A causa de Lula.