O (bom) exemplo de Areia – Heron Cid
Opinião

O (bom) exemplo de Areia

16 de julho de 2017 às 09h36 Por Heron Cid

AREIA – Dos 223 municípios paraibanos, a maioria ainda não conseguiu encontrar o fio da meada.

Me refiro a um dado: falta a um imenso contingente encontrar sua vocação e potencialidade, condições basilares para o traçado do desenvolvimento.

Areia, de onde escrevo no Brejo paraibano, está felizmente no rol destas exceções. Por aqui, é fácil constatar um DNA, uma identidade bem definida, de sua essência e aptidão.

Encravada no alto da Serra, a terra de Pedro Américo – um dos maiores pintores romancistas do mundo – sabe ser e sabe dar.

A valorização de seu significado histórico é respirado e vivido, com prazer, pelos seus 24 mil habitantes.

Os museus e a manutenção da sua arquitetura colonial e o afeto pela perpetuação dos costumes antigos, como a exploração da cana de açucar, dão uma atmosfera diferenciada.

A forma como cada cidadão abraça essa ‘cultura’ é algo singular.

Aqui, tive a oportunidade de passear pelas ruas, de ouvir pessoas e tomar depoimentos de gente que tem orgulho de ser de onde é. De ser o que é.

Donos de bodegas, jovens, que fazem questão de perpetuar o trabalho iniciado pelos antepassados na propagação da produção da cachaça.

Empreendedores investem na qualificação, nos processos e no orgulho de fazer do município uma referência no setor e na disputa pelos primeiros lugares dos rankings regionais e nacionais.

Funcionários de casarios históricos a falar com orgulho da história e de personagens de vulto da cidade.

Pelas ruas estreitas e conservadas, os ventos de nostalgia sopram por toda a parte.

Basta olhar moços e velhos reunidos em torno da mesa de bilhar, à moda antiga. Ou provar nos barris de seus estabelecimentos licores de todos os sabores e cores.

O sentido da ‘preservação’ é levado a sério.

Sem esforço, mas com paixão, com alma. Sentimento que faz toda a diferença e encanta visitantes, feito eu e tantos outros.

Aqui se combina como poucos a história, o culto ao passado, com o olhar no futuro dos investimentos para consolidação da exploração da cachaça de “marca”.

Areia – toda cheia de charme – é assim.

Produz bebida de alto teor alcóolico, mas se mantém sóbria nos seus passos e horizontes.

Faz um frio danado, mas sabe acolher e aquecer a quem chega com muito calor.

Como não se apaixonar? Como não voltar?

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