Em carta ao Blog, UEPB contesta Gilberto Carneiro – Heron Cid
Bastidores

Em carta ao Blog, UEPB contesta Gilberto Carneiro

12 de julho de 2017 às 12h02 Por Heron Cid

Reitor em exercício da UEPB, Flávio Romero, encaminhou nota ao Blog e ao Portal MaisPB, contestando fala do procurador-geral do Estado, Gilberto Carneiro, sobre dados do orçamento da Universidade e críticas à gestão da instituição.

Confira:

“Caro jornalista Heron Cid, bom dia!


Diante de notícia veiculada no portal Mais PB, nesta segunda-feira, 10 de julho, com declaração do procurador-geral do Estado, senhor Gilberto Carneiro, afirmando que na UEPB há problemas de gestão, que 90% do orçamento da Instituição é comprometido com pagamento de pessoal e que a Lei da Autonomia apresenta imprecisões, tendo sido elaborada de forma “açodada”, a Administração Central da Universidade sente-se na obrigação de esclarecer alguns pontos abordados na matéria.


Primeiramente, o comprometimento do orçamento da UEPB com despesas de pessoal é de 82%. Esta é uma realidade vivenciada por nove entre cada dez universidades públicas brasileiras. A UEPB, em sua essência, é uma prestadora de serviço executado por mão de obra qualificada. Portanto, sua maior despesa, obrigatoriamente, é com pessoal, pois são os trabalhadores que atuam na Instituição que prestam seus serviços nas áreas de ensino, pesquisa e extensão, tripé que baliza a missão da Universidade Estadual da Paraíba.

Afirmar que o montante de despesa com pessoal é problema de gestão significa claro desconhecimento da realidade e lógica de uma instituição de ensino superior, que atua com pessoas em todas as regiões do Estado, promovendo avanço socioeducacional e desenvolvimento para a Paraíba. Para atuar desta forma, as pessoas que trabalham na UEPB precisam ser remuneradas para o desempenho de suas funções. Cabe destacar ainda que a UEPB possui quadro de pessoal extremamente “enxuto”, com 30% deste em trabalho com contratos precarizados e com defasagem salarial acumulada, o que tem promovido preocupante evasão de pesquisadores e técnicos qualificados ano após ano.

Com relação às imprecisões na Lei da Autonomia, citadas pelo procurador-geral, ressaltamos que, sob nenhuma hipótese, ela foi elaborada ou aprovada de forma açodada, como sugeriu o senhor Gilberto Carneiro. Ao contrário, a Lei foi resultado de intensa luta e amplo debate entre comunidade universitária, Governo do Estado e Assembleia Legislativa, inclusive com Comissão Técnica formada por representantes do Estado, da Reitoria e das entidades representativas dos docentes (ADUEPB) e dos técnicos administrativos (SINTESPB-UEPB).

No entanto, entendemos que toda legislação pode e deve ser aperfeiçoada, até mesmo para evitar equívocos de interpretação como ocorre com relação à forma de entendimento que o próprio Governo do Estado faz sobre a referida lei, resultando em uma supressão proporcional contínua dos recursos a que a UEPB teria direito e que deveriam ser destinados à Instituição.

Nesse sentido, a UEPB sempre se manteve aberta ao debate com vistas a revisar a Lei 7.643/2004 e, inclusive, propõe ao procurador-geral do Estado sugerir e debater com a comunidade acadêmica da UEPB os ajustes que considerar necessários para a melhor estruturação da lei, de forma que sua aplicação não fique sujeita a interpretações diversas e difusas, o que tende a ser benéfico para a Universidade e para o Estado. Indicamos, inclusive, como oportuna a criação de uma nova Comissão Técnica para analisar o conteúdo da lei e promover ajustes, se for o caso.


Atenciosamente,

Flávio Romero Guimarães

Reitor em exercício da UEPB”

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