“Eu acho muito esquisito alguém querer ficar de fora da gestão, mas ter o controle dela. Isso, para quem se diz republicano, é algo que quebra qualquer discurso. Você ficar fora da gestão, deixar o governo e continuar mandando à distância, continuar tendo uma espécie de controle remoto”.
As palavras são do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo. Elas se baseiam na ‘condicionante’ sugerida à vice-governadora Lígia Feliciano, assumida publicamente pelo governador Ricardo Coutinho para justificar sua opção de ficar no Governo até o fim do mandato.
De fato, o texto verbalizado pelo governador chama atenção porque atropela o mantra das práticas e ideologias republicanas pregadas até aqui.
Ao admitir que pretendia, ou pretende, controlar a gestão mesmo fora dela, Ricardo cometeu um pecado elementar.
Foi ao distinto público confessar uma inclinação autocrática, comportamento pouco condizente com os tempos contemporâneos.
Luciano, principal e natural contraponto político atualmente ao governador, não perdeu a oportunidade de questionar.
Marcou posição, mas não perdeu o estilo ponderado. Uma crítica sem radicalização.