“Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura/ Na mudança de postura a gente fica mais seguro, na mudança do presente a gente molda o futuro”.
Os versos são de Gabriel O Pensador, na canção “Até quando?”. Esse era um trecho recorrentemente invocado pelo então candidato Berg Lima (Podemos) pelas ruas, reuniões e entrevistas para conquistar corações e mentes de seus conterrâneos.
Jovem, Berg dizia idealizar uma Bayeux diferente, superando a velha política e se livrando de práticas atrasadas. De tanto fazer essa pregação, a cidade lhe concedeu uma oportunidade rara. Histórica.
O rapaz, de fala mansa, fez uma campanha modesta, sem recursos e ganhou Bayeux pelo discurso. A cidade apostou suas esperanças e o bom moço realizou seu projeto de virar prefeito de sua terra.
Ontem, ao ser tomada de súbito pela notícia da melancólica prisão do seu recém empossado gestor, os 33.437 eleitores relutaram, demoraram a acreditar.
Só acordaram para a decepcionante realidade quando assistiram, anestesiados, a cena em que aquele político idealista da campanha era flagrado, agora no mandato, assistindo pacientemente, com sua serenidade peculiar, a contagem do dinheiro de propina. Uma extorsão.
Um choque para 96 mil habitantes de uma cidade que achava finalmente estar sendo governada por alguém disposto a curar a doença da corrupção. Gente que pensava estar mais seguro por ter entregue a chave do seu cofre a quem prometia moldar um novo futuro.
Despertada do sonho, Bayeux vive o seu pior pesadelo. Atônita, a cidade repete a pergunta de Gabriel o Pensador, a fonte de inspiração das promessas de Berg: “Até quando”?