Os dados da mais nova pesquisa Data Folha trazem uma curiosidade.
Não pelas estatísticas em si, mas pelo contexto que lhe rodeia.
O Governo Michel Temer é rejeitado por quase 70% dos brasileiros.
Dos entrevistados, 65% consideram a saída dele como a melhor alternativa para o Brasil.
A abertura do processo de impeachment é aprovada por 83% dos pesquisados.
Outros 80% opinam pela renúncia imediata do presidente.
E o número devastador. Chegou ao patamar de 47% os que sentem vergonha de ser brasileiro. Um recorde.
Voltando ao começo. Por que os números carregam uma curiosidade?
Porque apesar desse sentimento, constatado pelo Instituto, as massas estão inertes.
Não há grandes e portentosas manifestações como as que empurraram Dilma Roussef ao cadafalso.
Em que pese a vigilante cobertura da imprensa a todos os escândalos que afogam Temer, o povo ainda não se sente suficientemente encorajado a voltar as ruas.
É um processo em que o paciente está sendo cortado, mas nada sente.
Uma anestesia do trauma provocado pela doença da corrupção que derrubou o PT.
É como se, depois da decepção, não houvesse mais no que crer.
E tudo o mais, principalmente vindo de quem vem, não surpreendesse. E nem revoltasse.
Estamos na UTI, sem sinal de reação.
Tal qual cantou Raul Seixas: “Com a boca aberta e cheia de dentes esperando a morte chegar”.
Se é que não já chegou.
