Homem do Direito, André Carlo Torres, presidente do TCE, foi buscar na saúde um termo para embasar seu conceito sobre o momento do Brasil, marcado pela corrupção endêmica.
“A corrupção é como um sujeito que descobre uma doença grave. Ele fica triste quando recebe a notícia, mas depois se alegra ao saber que esta patologia tem cura”, diagnosticou o conselheiro, durante entrevista ao autor do Blog no Frente a Frente, da TV Arapuan, ontem.
Em que pese o cenário de total descrença da população na política, André é otimista quanto aos rumos do Brasil. Para ele, este momento está revelando a solidez da democracia, a participação indispensável da imprensa e a consolidação das instituições.
Forjado no Ministério Público, Torres acha absolutamente natural os ataques oriundos de segmentos da classe política contra o Judiciário, responsável pelas investigações, julgamentos e prisões na Lava Jato.
“O fiscalizado nunca gosta do trabalho do fiscalizador”, resumiu.
Em uma hora de entrevista, deu pra identificar um homem sereno, consciente do seu dever na Corte de Contas do Estado, e que não se assombra com qualquer tipo de questionamento.
Aliás, faz questão de enfrentar os temas delicados, como o atual modelo de formação do Tribunal, composto de indicações da Assembleia e da política. Ele elogia a formação e profissionalismo dos atuais conselheiros, mas prevê que no futuro, tal qual na transição da Constituição de 1988, a sociedade evolua para outros métodos.
Voltando ao hospital da política brasileira, o presidente do TCE admitiu certa frustração pela jurisprudência que consagra o poder das Câmaras Municipais para aprovar ou reprovar contas e salva a pele e elegibilidade de políticos com balancetes reprovados pelo colegiado técnico e habilitado.
Para estas situações, André invoca e entrega nas mãos do eleitor a prerrogativa de tirar os maus da política com a “sentença das urnas”. Irrecorrível, por sinal!