Independente do resultado, inclinado ao sabor de pizza, a sessão de julgamento do processo que apura irregularidades, caixa dois e fraudes financeiras cometidas pela chapa Dilma/Temer, vitoriosa em 2014, se presta para expor o tipo de Justiça que o Brasil quer, e o Judiciário que a sociedade rejeita.
Essa dicotomia fica muito evidente nas primeiras exposições e no confronto do presidente do TSE, Gilmar Mendes, e o ministro relator Herman Benjamin, um paraibano e sertanejo de Catolé do Rocha.
Arrotando arrogância e sem nenhum constrangimento de se passar por advogado de defesa de Temer, circunstancialmente também de Dilma, Mendes representa a Justiça do ajeitado, da chicana, que usa a brecha da Lei para livrar a cara de quem sabidamente comete um crime. Nesse caso, político e contra a democracia.
Herman é o juiz discreto, pouco afeito ao glamour e muito menos a vaidade tão própria e comum do meio. Um vocacionado a cumprir seu mister, independente de quem seu voto ou a sua investigação atinja.
Processo é para ser julgado pelo conjunto probatório e a convicção do julgador não pode estar submetida a eventuais pesos e ameaças de desestabilizações políticas.
Se forem se quedar ao ‘cuidado’ invocado por Gilmar, as cortes eleitorais não cassariam ninguém. Porque qualquer cassação, de prefeito, governador a presidente, gera instabilidade política.
Mas qual é o mais danoso ao cidadão: o tremor momentâneo, como solução, ou a falsa calmaria da impunidade como prêmio a quem fraudou uma eleição e burlou a democracia?
Herman está sintonizado com o novo Direito. Aquele comprometido em observar os autos, as provas, mas sem fechar os olhos para o conjunto da ópera. Gilmar Mendes representa a Justiça do passado,dura com os pequenos e complacente e arreganhada às conveniência dos grandes.
Por mais Herman nas comarcas e cortes. Por menos Gilmar de togas.