Depois do que ouviu ontem do seu líder supremo, a militância petista deve colocar a bandeira de Diretas Já na sacola.
No Congresso Nacional do PT, o ex-presidente Lula da Silva fez um discurso exortando o partido a conversar com a sociedade brasileira, recuperar sua autoestima e ir para as urnas com um ‘projeto factível’. Em 2018.
“2018 está longe para quem não tem esperança. Para nós está bem aí. Se a esquerda fizer um programa, um discurso, vamos voltar a governar este país”, conclamou o ex-metalúrgico.
A fala de Lula é emblemática. Vem dias depois de grande manifestação pública no Rio de Janeiro pedindo a antecipação das eleições e a queda do presidente Michel Temer. Um movimento festejado pela ‘esquerda’ e especialmente pelo PT.
Mas Lula não contrariou no discurso apenas o sentimento pregado pelos seus companheiros Brasil afora. Sua homilia enterrou, no mesmo Congresso, a defesa da ex-presidente Dilma Rousseff pela eleição direta, tida por ela como a “única saída”.
Lula – o maior líder da oposição – e a esquerda não falam a mesma língua quando o assunto é a crise.
No pronunciamento, nenhuma palavra contra o atual presidente Michel Temer. Pelo contrário, Lula atacou as revelações do Grupo JBS, a que desmorona o sucessor de Dilma e também fére de morte o petista.
Simples. Potencializar a delação de Joesley Batista para derrubar Temer é fortalecer as provas contra si mesmo. E Lula pode ser tudo. Menos burro.