A cadeia de Bayeux – Heron Cid
Opinião

A cadeia de Bayeux

31 de maio de 2017 às 09h33 Por Heron Cid
Berg Lima abraça 'luta' por presídio, quando a cidade votou nele para se libertar

Tomemos como de boa fé as motivações do prefeito Berg Lima para encampar pessoalmente a luta pela ‘conquista’ de um presídio federal para Bayeux.

Ele tem alegado que, retirando todos os temores e receios, o ‘empreendimento’ cumprirá um papel importante para a cidade: estimular a ‘cadeia’, sem trocadilho, de emprego e renda.

Pelas contas da gestão, seriam quatrocentos empregos.

Se for somente este argumento, a justificativa é meio capenga. Não está escrito em lugar nenhum que a mão de obra a ser absorvida será de Bayeux.

E é preciso ponderar o preço a ser pago por uma população que já tem uma auto-estima beirando o nível do mangue, de tantos estigmas e preconceitos impostos ao longo de sua história.

Há questionamentos também sobre os prejuízos e efeitos diretos. A porta de entrada da Paraíba é por Bayeux, no Aeroporto Castro Pinto. O presídio seria nosso primeiro cartão postal?

Outra. Bayeux tem uma das menores dimensões territoriais do Estado. Onde o presídio for instalado, estará nos arredores de alguma comunidade próxima.

Quando pediu uma chance de fazer diferente, Berg certamente não colocou no seu programa de governo um presídio como motor econômico.

Jovem na idade, o novo prefeito não pode ser tentado a descambar para uma postura ‘velha’.

Entrar nesta odisseia sem ouvir a cidade, que até onde se sabe rejeita a ideia, é ser seduzido a se igualar ao seus antecessores e condenar a cidade a mesma pena de décadas.

Que, ao menos, se ouça a opinião dos cidadãos, os mais atingidos com esta eventual instalação. Pro bem ou pro mal.

Berg pode até ter outros argumentos e capacidade de provar estar certo.

Mas até onde a vista alcança, se tem alguém que precisa de presídio em Bayeux, certamente não é o seu povo.

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