O que leva uma pessoa a correr todos os riscos para obter sucesso num concurso ou vestibular, pela via ilícita?
O que a impulsiona a pagar caro pelo gosto de obter pela fraude o que sua capacidade não se dispõe a vencer?
Qual sabor tem ser um funcionário público ou um universitário que só chegou a tal posto porque pagou, burlou, enganou e tirou a vaga de quem estava realmente habilitado, pelo próprio mérito, para exercer a função ou sentar na cadeira da sala de aula?
A Operação Gabarito, em curso na Paraíba, revela esse lado obscuro do ser humano, capaz de qualquer artimanha para galgar uma posição a mais na sociedade.
Mostra como a corrupção está entranhada nas artérias do Brasil, a começar pela cumplicidade (vejam só) dos pais que, num péssimo exemplo, pagam para satisfazer o desejo dos filhos. E para afagar o próprio ego e conquistar um status.
As revelações da Gabarito expõem um Brasil que não alimenta a corrupção só pela política. A patologia vai além e não se limita aos meandros do poder. Ela atinge servidores públicos e polícias, gente paga para fazer o certo, e se apresenta enraizada como modelo de se dar bem, como símbolo de esperteza.
Ganância que leva cidadãos, até letrados e dotados de estrutura financeira, a cometer a pior de todas as mentiras. A de enganar a si mesmo.
