Espremido entre os falsos antagonismos de esquerda e direita, o Brasil caminho sem destino para 2018. Nem o mais radical dos analistas e observadores poderiam arriscar, em perfeito juízo, o que a eleição presidencial vindoura pode parir.
A França – terceira maior economia da Europa – rompeu ontem essa dicotomia ao eleger um candidato jovem e dono de um discurso de centro. Ou de um “liberal de esquerda”.
Em oposição ao estilo atabalhoado de Donald Trump, Emmannuel Macron implementou, meteoricamente, um movimento novo na política que atraiu a maioria dos franceses.
Com uma postura marcadamente conciliatória, vista pelos adversários e críticos como “em cima do muro”, ele conquistou rapidamente mentes e corações que se sentem mais seguras com um perfil capaz de conviver com os extremos, sem ser um deles.
Em que esse cenário se assemelha com o Brasil? O Brasil – no auge de sua crise política – vive um maniqueísmo que ao invés de ajudar só aprofunda o fosso da distância dos consensos mínimos.
Estamos debatendo de Lula, que revive seu discurso dos tempos de metalúrgico denunciando as elites – depois de ter se lambuzado com elas -, a Dória, um político que se apresenta como antídoto de um modelo de esquerda que levou o Brasil ao buraco.
“Ele é um liberal de esquerda, e isso é novo na política francesa”, afirma. “Houve um braço social-democrata no Partido Socialista, mas ele acredita muito mais nas forças do mercado.”
Para Macron, a política francesa não é mais uma batalha entre ideologias de direita ou esquerda, mas entre protecionismo, globalização e reformas que levem o País à eficiência dos seus serviços e ao êxito de sua economia.
Sem luz no fim do túnel e assistindo um debate histérico, de muito barulho e pouca solução, um Macron cairia bem no Brasil. A pergunta crucial é: temos um Macron por aqui?