O Governo Michel Temer passou pela primeira batalha. A aprovação da reforma trabalhista, mesmo com votação favorável abaixo da expectativa, é uma vitória política diante de tanta polêmica e barulho.
O teste de fogo virá mesmo na apreciação do plenário da reforma da Previdência, objeto de resistência muito maior da própria base governista, pressionada pelo discurso da oposição e pela proximidade das eleições de 2018.
O debate das mudanças das leis trabalhistas marginalizou o centro e mérito das discussões e foi transformado numa grande revanche ideológica, como se ainda fosse possível no Brasil dividir posições pelos estigmas de esquerda e direita. Houve mais histeria do que discussão. Na Previdência, não está sendo diferente.
Em ambas há avanços e perdas, modernização e retrocessos. Nem é o inferno pregado pelos partidos que deixaram o Planalto, nem o céu idealizado pelo Governo. Necessário se faz a passagem pelo purgatório dos ajustes, melhorias e, também, revisão de pontos exagerados da proposta.
Acontece que na guerra retórica o Governo peca por se comunicar muito mal com a sociedade e deixa pontos pouco claros. Uma munição no colo de uma estridente oposição que sabe fazer zoada e demonizar o que contradita. O que até certo ponto é seu papel. Não há de se esperar nada diferente do PT na oposição.
A maioria dos ex-presidentes, incluindo Lula e Dilma, sabia da necessidade das mudanças nas leis do trabalho e na Previdência e chegou a defendê-las. Na prática, nenhum deles teve decisão política e apoio. Talvez porque trocaram o desgaste por uma candidatura à reeleição. Coisa que Michel Temer parece não fazer questão.