“Mas eis que chega a roda-viva/ E carrega o destino pra lá”. O verso do extraordinário letrista Chico Buarque foi lançado em 1967, auge da Ditadura Militar. Na política da Paraíba, ele está mais atual do que nunca.
Os fatos recentes desnudaram uma realidade antes enfrentada com resistência por alas das hostes governistas.
De repente, o tempo e pré-candidaturas do agrado maior do Palácio rodaram e a vice-governadora Lígia Feliciano passou a ser a alternativa mais consistente à disposição do projeto político do PSB para as eleições de 2018.
Por razões elementares. É ela quem estará no comando do Estado, na hipótese cada vez mais factível, lógica e necessária do afastamento do governador Ricardo Coutinho, em 2018, para garantir vaga no Senado.
Friamente falando, não há dentro do Jardim Girassol nenhuma opção melhor do que a de apostar as fichas em quem estará no pleno exercício do poder e com condições políticas e administrativas de se viabilizar.
Quem pode defender com mais ardor a continuidade do “projeto” do que aquela que estará inaugurando obras de Ricardo e autorizando outras?
Quem tem mais atrativos para a classe política do que a personagem cujas mão portará a caneta do Diário Oficial para nomear e atender pleitos de deputados e prefeitos?
E o detalhe mais importante: seguindo o curso natural das coisas, como o rio que corre para o mar. Sem imposições e sem as fórmulas de fabricação de última hora, já comprovadamente ineficazes ao longo de outras experiências recentes.
Tudo isso foi dito em outubro de 2016, aqui neste espaço num artigo intitulado “O barulho do silêncio de Lígia”. Um silêncio que os fatos sequenciais se encarregaram de revelar seu sentido.
“O tempo rodou num instante/ Nas voltas do meu coração”, fecha a emblemática canção de Chico. Hoje, na atual roda viva da crônica política paraibana, tempo e coração estão marchando juntos.