A ampla lista de políticos cuja autorização de investigação foi deflagrada pelo ministro Edson Fachin, do STF, tem três efeitos práticos. Pra começar, sepulta de uma vez por todas os discursos fundamentalistas contra a Operação Lava Jato.
Por muito tempo, fanáticos tentaram desqualificar as ações do Ministério Público e da Polícia Federal, acusando delegados, juízes e promotores de uma grande orquestração direcionada ao governo passado. Nessas cabeças, a operação estava a serviço do ‘golpe’ contra Dilma.
No listão – divulgado ontem – os investigados constituem um arco-íris partidário. São dezesseis partidos no balaio. Cinco ex-presidentes da República. De José Sarney, a Collor, passando por FHC e Lula e chegando até Dilma.
Os dois atuais presidentes da Câmara e do Senado, além de nove ministros do novo governo, incluindo citações contra o próprio presidente Michel Temer. Ou seja, o jato da operação está lavando tudo e mostrando a sujeira geral da República.
Segundo. A estrutura de poder brasileira está apodrecida. Um Congresso no qual praticamente toda sua representação está sendo investigada e um Governo – que sucedeu uma gestão de bandalheira – todo implicado não representa absolutamente nenhum cidadão.
Governo e Congresso estão desprovidos de autoridade política e moral para condução do País. Não há legitimidade para reformas e nem para votações.
Terceiro. Chegou a hora do brasileiro elevar os padrões de indignação e de exigência. Não dá para ficarmos emparedados assistindo anestesiados esse processo como se não houvesse nada há fazer. Eis o momento de o povo sair da posição de subjugado e assumir o papel que realmente é todo seu.
Os políticos e os governantes são a minoria. E a minoria não pode eterna e impunemente se sobrepor a imensa maioria (nós) que elege e paga a conta da democracia.