Domingo, o município de Monteiro, cariri paraibano, se transformará no maior metro quadrado de admiradores e até fanáticos pelo ex-presidente Lula da Silva.
Militantes que acompanham a trajetória do ex-retirante desde a década de 80, quando da fundação do PT. Intelectuais que atribuem ao ex-metalúrgico a liderança da esquerda brasileira e latino-americana.
Gente do povo sedenta por matar a saudade de um dos presidentes mais populares e bem avaliados da história da República. Nordestinos e paraibanos gratos à Lula pelos benefícios sociais e por obras singulares, como a Transposição.
No meio, também, políticos que às vezes nem tem ligações tão longevas com o petista, mas lá estarão surfando na onda da retomada de Lula, agora já como pré-candidato à Presidência da República.
Só que o ato pró-Lula não será apenas um evento simbólico e formal como a solenidade de inauguração da chegada das águas à Paraíba, pilotada pelo diplomático Michel Temer.
Em Monteiro, será cristalizado um movimento de contraponto direto a Temer e seus aliados na Paraíba. Mais político do que ideológico, afinal PT e PMDB venceram e governaram juntos muitas vezes.
Lula reforçará junto à sua militância a pecha de ‘golpista’ no atual presidente, estigmatizando-o como um presidente insosso, distante do sofrimento e indiferente às dores. Diferente dele, nordestino, nascido nos espinhos das dificuldades, e presidente responsável por uma revolução social no Brasil.
Ricardo Coutinho, dessa vez anfitrião do evento, com toda sua sagacidade aproveitará para praticar seu hobby predileto: desconstruir e desqualificar o seu atual maior adversário, o senador Cássio Cunha Lima.
Na inauguração da obra, ficou claro que todo o prestígio presidencial foi despejado na base política do tucano. Basta lembrar que o cerimonial da Presidência deu um jeito de ir à Campina Grande somente para visitar uma obra.
O evento de domingo, com outro formato e propósito, se presta a esse papel de dar uma resposta e demonstrar volume e estrutura maiores. Uma espécie de medição de forças.
Ricardo, também, fará do ato de Monteiro uma estratégia de demarcação de território mandando uma mensagem para o cenário nacional se colocando como homem de esquerda no Nordeste dotado de coragem para se postar ao lado de Lula no pior momento de sua vida pública. Mesmo sendo um filiado (dissidente) de proa do PSB, partido que apóia e participa do governo Temer.