Um é sobejamente carismático diante das massas. Outro recatado e reservado demais ao ponto de às vezes ser mal interpretado.
Um é afeito aos bastidores políticos e no intenso diálogo com partidos e lideranças. O outro não tem muito apetite para atendimento das bases e nem pedidos de aliados.
O ex-presidente Lula e o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, que estarão juntos em grande ato público neste domingo, em Monteiro, têm características pessoais bem distintas.
Mas há tanto no ex-metalúrgico quanto no ex-líder sindical muitas convergências. A começar pela intrínseca ligação com os movimentos sociais.
Ambos, de origem humilde, se fizeram pelas próprias pernas e foram forjados nas lutas sociais e tratados, por muito tempo, com certa reserva pelos setores mais conservadores.
Lula e Ricardo são craques nas frases de efeitos, nas provocações aos adversários e em declarações que rapidamente viram boas manchetes na imprensa.
No palanque, crescem e se agigantam. Sabem encantar e inflamar multidões e, como poucos, sempre estabelecer o limite de territórios políticos e polarizar o debate entre “eles e nós”.
Esses dois líderes estarão juntos e misturados, com toda a sede de desconstrução dos ‘inimigos’, e prometem causar estragos numa conjuntura em que o maniqueísmo está cada vez mais presente sob os apelos da dicotomia direita e de esquerda.
Não por acaso, Ricardo joga toda sua estrutura para vitaminar o acontecimento.
Lula às margens da Transposição, obra que tem todo o seu DNA. E Ricardo em Monteiro, capital de uma reunião onde seu governo fez a maior intervenção estrutural de todos os tempos, com as estradas do Anel do Cariri.
Esse cenário favorecerá o terreno. Lula e Ricardo vão aproveitar esse dia até a última gota, literalmente. E é esse o aspecto que mais assemelha os dois: o extraordinário feeling e senso de oportunidade.