Pela primeira vez, os investimentos privados superaram os recursos públicos no Folia de Rua, prévia carnavalesca de João Pessoa famosa em todo o Brasil.
Mesmo longe de capitalizar o ideal, esse é um indicativo de superação do evento, ainda carente de maior profissionalização na captação de recursos privados e sofrido pela ausência de aporte, ao menos simbólico, do Estado.
No geral, e com o suporte de R$ 250 mil da Prefeitura, o Folia de Rua conseguiu se manter de pé. A abertura, com show apoteótico de Dudu Nobre, no Ponto de Cem Réis, e as Virgens de Tambaú fazendo o dever de casa e levando a massa para rua.
Mas há a constatação de um ponto fora da curva. O vôo das Muriçocas do Miramar, a “mãe” de todo esse movimento, já não foi o mesmo.
O bloco, que há anos saiu da Associação Folia de Rua e tem completa autonomia, dá sinais de cansaço na Avenida que podem ser explicados por questões de gestão fora dela. Houve certa frustração no quesito atrações.
Aliás, o modelo inteiro da festa já é questionado por dirigentes de blocos. Isso ficou evidente durante o programa Frente a Frente, de ontem, Especial de Carnaval, na TV Arapuan.
Artistas e carnavalescos acham que chegou a fora de uma reformulação e de avançar em novos caminhos. Gente como Buda Lira, dos Cafuçus, Euclides Meneses, das Virgens, e Lis Albuquerque, cantor e compositor desde o início de tudo, fizeram a necessária autocrítica.
O que só é possível a partir de uma firme interlocução que possa unir todas as idéias, descontentamentos, discordâncias, queixas e alternativas num mesmo caldeirão.
Uma coisa é certa. O Folia de Rua, por tudo que representa, tem potencial cultural, social e comercial. O que lhe faz resistir ao tempo e as dificuldades e se perpetuar no calendário da Paraíba. Só essa constatação é suficiente para ser revisto e incentivado noutro patamar. Porque nem só de ‘folia’ vive a festa.