Rubacão com sardinha (A Crônica de Domingo) – Heron Cid
Crônicas

Rubacão com sardinha (A Crônica de Domingo)

19 de dezembro de 2021 às 15h59

João Pessoa-PB, 19/12/2021. Poderia ser a mesma data em 1995, 1996, 97, 98… A memória do paladar  mantém vivo o apreço pelos sabor e o significado afetivo.

Todo domingo, como esse, era dia do cardápio preferido da nossa pequena família. Arroz, feijão de corda, coentro, cebola e nata viravam rubacão.

De acompanhamento, macarrão refogado na margarina, tomate e uma porção de ketchupe, batata doce e para coroar um tucunaré frito, quando tinha. Quando não, sardinha na frigideira.

Depois de uma semana de ausência roubada pelos afazeres de funcionária e mulher pública de dedicação aos desamparados, dona Marizete baixava na cozinha com o auxílio de dona Nuita.

Para mim, era duplo presente e satisfação. O da presença afetuosa, do amor em forma de preparado, e da comida cheirosa e gostosa na mesa da sala.

Geralmente arrodeado pelos de casa e pela turma de meus amigos que se juntavam no banquete regado a coca-cola gelada goela adentro e muita conversa fora.

Daí, plantado por minha mãe, veio o prazer de receber, de juntar, de reunir. A alegria em servir nas pequenas coisas. As maiores, porque nunca morrem.

Até hoje, rubacão com sardinha continua ocupando o topo da minha preferência. E quando quero reviver tudo de novo, basta uma ligação.

Da panela para o prato fumaçando, o tempo manda lembranças e sacia a fome de vida. Ao lado, o sorriso bonito de dona Marizete tempera minha existência e alimenta alma do menino que vive em mim.

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