O novo cenário e um acordo tácito entre MDB e PSDB – Heron Cid
Opinião

O novo cenário e um acordo tácito entre MDB e PSDB

25 de outubro de 2021 às 16h31
No cenário com Romero e João juntos, Veneziano e Cássio – cada um por suas razões e instintos políticos – são guindados a ocupar vácuo na oposição

O ovo ou a galinha? Primeiro nasceu a aproximação do senador Veneziano Vital (MDB) e o ex-senador Cássio Cunha Lima (PSDB) ou o flerte entre o ex-prefeito Romero Rodrigues (PSDB) com o governador João Azevêdo (Cidadania)?

A cronologia dos fatos tem a resposta. Veneziano e Cássio deram os primeiros sinais de diálogo político, aceno vestido de diplomacia e cordialidade. A publicização, aliás, fritou a candidatura do PSD por pelo menos uma semana até o PSDB ir a público declarar apoio a Rodrigues e esfriar a chapa.

Na prática, a coisa vai muito além de gestos normais de civilidade. O que se tem há certo tempo é a sutil abertura para um acordo tácito entre MDB e PSDB. Disso até os azulejos do Congresso em Brasília já ouviram falar. O que só avançaria com a retirada oficial de Romero do páreo, que está prestes a se consumar. Um fato, aliás, explica o outro.

No cenário cada vez mais real de Romero e João juntos, Cássio e Veneziano – cada um por suas razões e instintos políticos – são guindados a ocupar esse vácuo na oposição. Para tanto, necessitam remover o inconveniente de décadas de rivalidade de altíssimo grau. E já estão.

Somente esse obstáculo histórico leva a ponderação sobre os termos de uma aliança; no primeiro ou no segundo turno? Por estratégia, a receita inicial é cada um (Veneziano pelo MDB e Pedro Cunha Lima pelo PSDB) ir às urnas contra a chapa governista e no segundo turno, se houver, os históricos adversários marchariam juntos.

Mais ou menos o que o próprio MDB de Vitalzinho acordou com o PSB, em 2014, e – vejam a ironia – derrotou Cássio no segundo. Em condições bem diferentes, diga-se. Lá, funcionou. Em 2022, sob outra temperatura e ambiente, as chances são muito menores.

A despeito das diferenças nutridas ao longo do tempo, ter um candidato ou um plano de resistência virou questão moral e a tese já é bem digerida entre deputados tucanos a caminho de Brasília para o ato final.

Sem Romero na calçada, as portas das casas de PSDB e MDB se abrem. Só tem uma pendência ainda no ar: Veneziano terá destemor de ir à disputa ou exibirá a estóica capacidade de deglutir o maior sapo do mundo, Aguinaldo Ribeiro (PP) e Romero na mesma chapa?

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