O confronto Centrão x Militares (por Magno Martins) – Heron Cid
Opinião

O confronto Centrão x Militares (por Magno Martins)

9 de julho de 2021 às 12h30 Por Heron Cid

O circo armado na CPI da Covid, com a voz de prisão ao ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, José Roberto Dias, pelo presidente da Comissão, Omar Oziz (PSD-AM), escancarou a disputa de poder entre o Centrão e os militares que orbitam em torno do presidente Jair Bolsonaro, muitos deles agindo no submundo das informações reservadas.

Se antes a briga era entre os generais e a ala ideológica do Governo, agora o confronto de vida ou morte é entre o “núcleo camuflado” de farda e o grupo político que há anos dá as cartas no Ministério da Saúde. A prisão jogou os holofotes sobre novos dossiês com acusações de corrupção, que vão muito além da compra de vacinas.

As denúncias passam agora pela Casa Civil da Presidência, que até então serviu como escudo para blindar Bolsonaro. Nesta temporada, no entanto, a crise mudou de patamar, segundo o jornal Estadão. “Toda CPI tem um ponto de inflexão”, disse o ex-senador Delcídio do Amaral, presidente da CPI dos Correios, que investigou o mensalão no Governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2005.

“Naquela época, foram duas inflexões: o depoimento do Roberto Jefferson e o do Duda Mendonça. Roberto era o grande líder político e Duda, o marqueteiro que elegeu o Lula. Com todo o respeito, mas, do jeito que está hoje, não roda. É muita fuleiragem. A CPI da Covid pegou o segundo escalão”, acrescentou.

Preso em novembro de 2015, quando era líder do governo Dilma Rousseff no Senado, Delcídio foi absolvido pela Justiça Federal quatro anos depois. Acusado de tentar impedir a delação premiada do ex-diretor da Petrobrás, Nestor Cerveró, para atrapalhar as investigações da Lava Jato, ele também foi cassado pelo Senado, com votos do seu próprio partido na ocasião, o PT.

Ex-petista, Delcídio preside hoje o PTB de Mato Grosso do Sul e pretende concorrer a deputado federal, em 2022. Jefferson, que teve o mandato cassado após a CPI dos Correios, virou seu amigo. “Há também um mensalão no Ministério da Saúde, só que ninguém está observando isso”, afirmou o deputado Luis Miranda (DEM-DF), pivô da CPI da Covid e alvo de um dossiê preparado pelo governo Bolsonaro.

Miranda é o homem que diz ter informações para “explodir a República”, usa colete à prova de bala e instalou um detector de metais na entrada de sua casa, em Brasília. Foi ele que esteve com Bolsonaro em 20 de março, no Palácio da Alvorada, e levou a tiracolo o irmão Luis Ricardo, chefe de importação do Departamento de Logística.

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