Entre elefantes e mosquitos, o toque de recolher em Campina – Heron Cid
Opinião

Entre elefantes e mosquitos, o toque de recolher em Campina

13 de março de 2021 às 15h58
Ruas de Campina ficaram esvaziadas na noite do primeiro dia de fiscalização do toque de recolher e vigor do decreto municipal

Durou poucas horas o armistício entre o prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (PSD), e o governador João Azevêdo (Cidadania).

Decreto da Prefeitura de Campina Grande replicou a maior parte das medidas adotadas pelo Estado, mesmo depois de público embate.

À noite, a notícia da fiscalização da Polícia Militar ao toque de recolher, justamente um dos poucos pontos ignorados pelo documento municipal, voltou a fornecer munição para o enfrentamento.

O prefeito reagiu pedindo respeito à cidade e ameaçou acionar o Judiciário. Amparada no decreto estadual, a PM manteve a fiscalização.

Seja pelo decreto do município que fechou bares e restaurantes mais cedo ou pela presença da PM para garantir o decreto estadual, a população se comportou bem e as ruas se esvaziaram mais cedo.

A gestão municipal pode ter se sentido retaliada sob o seguinte raciocínio: por que fiscalização somente no dia do decreto municipal? Uma suspeita que deve ter contribuído para nova carga do prefeito.

Do outro lado, o Estado pode alegar que não iniciou o monitoramento antes porque esperou e respeitou o tempo da gestão local produzir o próprio decreto.

Entre uma razão e outro argumento, uma questão lógica: juridicamente não há como a mais restritiva de todas as  medidas – o toque de recolher – valer para todo o território paraibano, menos para Campina, que não é uma ilha.

Persistindo o impasse, o caso deve ir para os tribunais, a quem cabe a palavra final. Melhor seria a vacina do diálogo, especialmente porque – nesse debate – elefantes já foram digeridos. Ninguém precisa se engasgar com mosquito.

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