Entrevista: deputado aliado de Romero surpreende, defende "grande pacto" e chapa com João – Heron Cid
Bastidores

Entrevista: deputado aliado de Romero surpreende, defende “grande pacto” e chapa com João

30 de janeiro de 2021 às 14h07
Manoel Ludgério deixou PSD e escolheu o PSDB, de Pedro Cunha Lima, com quem deve votar depois de declarações a favor da reeleição de João Azevêdo

O governador João Azevêdo e o ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD), pretenso candidato ao governo, cabem na mesma chapa em 2022? Para o deputado estadual Manoel Ludgério (PSD), do mesmo partido de Romero, cabe sim e seria a fórmula para um grande pacto político na Paraíba, envolvendo todas as forças políticas, inclusive o clã Ribeiro.

Foi o que ele defendeu em longa entrevista ao autor do Blog, quando também advertiu seu grupo político que não aceita ser tutelado e que ninguém decida ou escolha seus amigos.

“Está na hora de se conciliar todos os pensamentos, a gente construir um grande acordo na Paraíba, sem disputa. Ninguém aguenta mais essas disputas desgastantes”, disse Ludgério, que tem mantido porta aberta com o projeto de reeleição do governador João Azevêdo.

“Romero é um grande nome para governador, mas um grande nome para senador”, registrou Manoel, sugerindo, nas entrelinhas, uma opção de chapa entre governador João Azevêdo, candidato natural à reeleição, e o ex-prefeito.

Para o deputado, “Romero representa uma parcela importante e poderia entrar numa composição de paz e um grande pacto pela Paraíba”. “A eleição está muito cansativa, classe política desacreditada, população sofrendo. Não há clima para guerra”, acrescentou.

A tese de Manoel não deixa dúvidas: “Defendo um grande pacto com João Azevedo, Romero Rodrigues, prefeitos e todas as lideranças pelo bem da Paraíba”.

A sugestão surpreende. A partir da sua origem: Ludgério é um político profundamente ligado ao grupo Cunha Lima e a Rodrigues, a quem Manoel considera “o melhor prefeito da história de Campina Grande”.

Confira tópicos das surpreendentes declarações de Ludgério, enquanto degustava queijo de manteiga na região de Lagoa do Jucá, entre Alcantil e Santa Cecília, zona rural do cariri paraibano. Um prato cheio para a política paraibana apreciar.

Relação com João Azevêdo

Eu fui secretário com doutor João Azevêdo. Desde o início eu venho colaborando naquilo que é importante. Tenho ele como um homem sério. Vem fazendo um bom governo, com vontade de acertar.

Eu disse desde o começo do mandato que seria regido pela minha consciência e até fui criticado por algumas pessoas. Alguns dos que me criticaram, hoje estão na base do governo.

Eu tenho uma relação muito boa com a gestão de João Azevêdo. Aquilo que tenho enviado de demandas para órgãos do governo que são importantes para os municípios o governo tem atendido quando tem condições.

Estamos trabalhando e lutando pela adutora de Barra Santana, cidade do cariri que está isolada, porque todos os municípios vizinhos têm água, menos ela. Foi uma das demandas que tratei com o governador.

Na política civilizada não custa nada a gente ter uma boa relação com as autoridades eleitas. Oposição por oposição nunca foi meu perfil. Sempre tive uma atuação ponderada e municipalista.

Pleitos ao governo

O que tenho sido cobrado, porque é natural, terminou eleição municipal e os prefeitos eleitos e reeleitos começam a trazer demandas e a maioria diz respeito ao governo do estado. Eu não me furto de procurar os órgãos do governo até porque tenho boa relação com todos eles.

Grande pacto político em 2022

Eu por mim haveria um grande pacto no estado, numa pandemia, com municípios em crise, com dificuldades de cumprir obrigações mínimas. Já tivemos uma eleição municipal. Ela reflete na pandemia, porque a Justiça não teve perna para fiscalizar.

A gente tem mais é que procurar se relacionar.

Então eu tenho carinho por Romero, eu defendo um grande pacto no estado. Está na hora de se conciliar todos os pensamentos, a gente construir um grande acordo na Paraíba, sem disputa. Ninguém aguenta mais essas disputas desgastantes.

Romero é um grande nome para governador, mas um grande nome para senador.

Além de defender uma grande aliança em 2022, eu tenho para mim que Romero foi o melhor prefeito da história de Campina. É um menino bom e homem de bem.

Eu defendo um grande pacto. Agora a composição como se daria? Precisa ser amadurecida. Seria reunir todos os grupos políticos. A gente já viu uma aproximação da família Ribeiro em direção ao governador João.

Romero representa uma parcela importante e poderia entrar nessa grande composição de uma eleição de paz e um grande pacto pela Paraíba. A gente já viu isso no Rio Grande do Norte. A eleição está muito cansativa, classe política desacreditada, população sofrendo. Não há clima para guerra.

Defendo um grande pacto com João Azevedo, Romero Rodrigues, prefeitos e todas as lideranças do estado pelo bem da Paraíba.

Relação com Romero

No grupo que eu faço parte, eu tenho uma ótima relação com Romero. Ele deixou de ser prefeito, mas não deixou de ser meu amigo.

Eu digo com muita franqueza. Eu faço político com o coração de uma pureza que as pessoas e amigos podem até não compreender.

Queixas: não aceito ser tutelado

Agora tem amigos que precisam entender que não sou tutelado por ninguém.

Lealdade sem reciprocidade

Por outro lado eu reclamo que dentro do grupo que estou há 32 anos as oportunidades foram quase nenhuma. Eu construí ao lado de Ivonete os espaços que ocupo até hoje. Eu nem e Ivonete fomos candidatos preferenciais da prefeitura de Campina ou alguém tendo que captar prefeitos para me eleger. Sempre construí minha eleição com minhas unhas.

Nunca fui lembrado para ser candidato a prefeito ou vice. Eu sinto falta de uma lealdade com reciprocidade.

Lealdade tem que ter reciprocidade. Você ser leal sem reciprocidade é muito ruim. E eu sou muito ruim de cobrar. Digo isso constrangido. Eu gostaria que as coisas no meu grupo acontecessem de forma espontânea. Não dá pra ter um amor à força.

O que reclamo é porque integro um grupo que se o elevador está em cima eu estou, mas as coisas para mim são limitadas, e quando o elevador cai eu sou cobrando para cair junto.

Quando vem a eleição ou Manoel vai lutar pela reeleição dele ou não consegue entrar na disputa, enquanto outras figuras são construídas na eleição, com espaços generosos. Isso faz com que a gente vá endurecendo o coração.

Candidatura a deputado federal

Eu vou conversar com os prefeitos que represento para definir uma pauta para definir se vou para deputado estadual ou federal. Vou reunir todos para colocar na mesa e ouvir todos sobre horizontes, legislação eleitoral, coligações.

Não descarto essa possibilidade porque já fui estimulado em 2014, fui estimulado por Kassab e Romero em 2018.

Vou ouvir todos os amigos. Assim como eu não admito que escolham meus amigos. Todo mundo conhece minhas posições e meu lado.

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