Transporte público de JP ameaça bater o motor com passageiro dentro – Heron Cid
Opinião

Transporte público de JP ameaça bater o motor com passageiro dentro

25 de janeiro de 2021 às 11h31

As empresas de transporte público de João Pessoa conseguiram uma façanha. Em plena pandemia, com superlotações e desrespeitos aos protocolos provocaram ao mesmo tempo insatisfação do usuário e protestos dos próprios funcionários do segmento.

Motoristas de algumas linhas cruzaram os braços hoje e foram às ruas. Reclamam das condições de trabalho. Os passageiros, por enquanto, apenas murmuram, sem que pessoas de defesa se mexam. Mas, de tanto serviço precário, não será surpresa se a população acordar para o próprio direito e despejar a insatisfação na avenida.

Os empresários querem transferir essa conta. Por seus representantes, já procuraram o novo prefeito da capital, Cícero Lucena. Querem colaboração do município para manter a operação. Como contrapartida o que ofertam? Um atendimento indigno e deficiente.

Os magnatas fizeram o mesmo em Campina. Foram até o prefeito Bruno Cunha Lima com o chapéu estendido. Salvo exceções de praxe no setor, quem manda aqui, manda lá.

Claro que o transporte público é um serviço essencial. Sou da tese de que o poder público deve participar dessa fatura e contribuir, ou com subsídio ou isenção, para o o bom funcionamento. Não dá, porém, para transferir culpas e responsabilidades do caos que se assiste.

As empresas de acostumaram mal. Pensando-se donas eternas das concessões, esqueceram-se do principal fiador do negócio no mundo capitalista; o consumidor. Relegaram qualidade ao usuário e investiram apenas na política de boa vizinhança com os donos da caneta.

Em crise pelos seus próprios equívocos somados às novas alternativas de mobilidade, o setor ameaça bater um motor que ronca e fumaça faz tempo. Salvar o serviço é um debate urgente, mas só é válido se a discussão andar na mão certa. Com o usuário – o verdadeiro combustível do setor  – como prioridade e finalidade.

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