Racha que divide também une; novo mapa da política paraibana – Heron Cid
Bastidores

Racha que divide também une; novo mapa da política paraibana

4 de dezembro de 2019 às 16h24

O rompimento político entre o ex-governador Ricardo Coutinho e o governador João Azevêdo provoca efeitos a curto e médio prazo na Paraíba.

No curto, a reestruturação administrativa do Estado, lotada de indicados do governo anterior. João, claro, vai substituir o contingente alinhado com Ricardo, agora na oposição.

Coutinho vai jogar, desde já, todo o seu capital para arrebatar de volta a Prefeitura da Capital, bastião de poder que garante fôlego e palanque para 2022.

No médio prazo, a reconfiguração das forças políticas.

O governo, com João, e agora duas oposições. A que saiu das urnas de 2018, com Luciano Cartaxo, Romero Rodrigues, Cássio Cunha Lima e Daniella Ribeiro, e a alternativa, liderada por Ricardo Coutinho.

Dificilmente, o remanescente oposicionista da eleição passada se aglutinará com Ricardo. Há uma tendência previsível de aproximação com João.

As fotos das primeiras horas após o rompimento, com adversários prestigiando solenidade ontem à tarde com o governador, sinalizou o movimento quase automático.

Não significa, porém, que toda essa oposição se perfilará com Azevêdo. Questões locais também contam e dificultam certas adesões. Também não representa que parte desse setor migrará por gravidade para Ricardo.

Habilidoso, Coutinho até ficará feliz se setores mais tradicionais da política caírem no colo de João. Será o reforço de narrativa já em curso que tenta pintar João de “direita” e se possível de “bolsonarista”.

João, em contrapartida, deve buscar dividir e atrair parcela da esquerda – campo que o ex-governador circula com desenvoltura -, para somar com as possíveis e presumidas adesões do centro e da direita.

Uma coisa é certa. Tal qual em 1998, após a cisão do PMDB, a Paraíba passa a se dividir agora entre João e Ricardo.

Aí está a jogada do líder socialista, cada vez mais nítida. Sem ter o controle como queria do governo e vendo um vácuo na oposição, Coutinho ocupou o espaço.

E vai fazer agora o que mais sabe na vida: oposição. Duelará, porém, com um João supreendentemente paciente e estratégico. E montado na mesma estrutura que ajudou Ricardo a operar e costurar política e vitórias.

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