Analistas de galinheiro aplaudiriam a visita se Israel fosse Cuba. Por Augusto Nunes – Heron Cid
Bastidores

Analistas de galinheiro aplaudiriam a visita se Israel fosse Cuba. Por Augusto Nunes

4 de abril de 2019 às 13h00
Coletiva de imprensa na residência oficial do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em Jerusalém - 31/03/2019 (Debbie Hill/Pool/Reuters)

Colunistas da chamada grande imprensa reagiram com indignação à ideia de transferir para Jerusalém a embaixada brasileira em Israel, prometida pelo candidato Jair Bolsonaro. Neste fim de semana, esses especialistas em tudo reincidiram na irritação debochada ao saberem que o presidente da República decidiu abrir um escritório comercial em Jerusalém e manter em Telavive a sede da representação diplomática.

Ressentimento é mesmo o oitavo pecado capital. Em países normais, jornalistas ficam felizes quando as teses que defendem são adotadas por quem delas divergia. Como estamos no Brasil, tanto um erro quanto sua correção provocam surtos de cólera de igual magnitude, desde que envolvam o presidente em começo de mandato.

Sim, a ideia de mudar o endereço da embaixada foi mais um raio em céu azul. Não havia motivos para que o governo brasileiro se metesse no conflagrado Oriente Médio, palco do mais antigo e perturbador conflito do planeta. Mas o comportamento dos analistas de galinheiro escancara a ojeriza a Israel e a paixão pela causa palestina.

Nenhum deles perdeu dois minutos de sono com os possíveis efeitos negativos da visita sobre as relações comerciais entre o Brasil e a comunidade árabe. O tom raivoso decorre da aproximação entre Bolsonaro e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, um direitista radical. Se Israel fosse chefiada por um ditador inimigo dos Estados Unidos, os colunistas em guerra não veriam nada de mais na troca de afagos entre os dois chefes de Estado.

Os comentaristas brasileiros contemplaram com repulsiva naturalidade a parceria de Lula e Dilma com os aiatolás atômicos do Irã, com o bolívar de hospício Hugo Chávez e seu filhote Nicolás Maduro ou mesmo com os terroristas do Estado Islâmico. Lula qualificou o psicopata líbio Muamar Kadafi de “meu irmão” e “meu líder”. Essa sabujice infame pareceu, aos olhos vesgos da imprensa engajada, uma bonita demonstração de amizade.

Se Netanyahu aparecer em Curitiba gritando “Lula Livre”, corre o risco de virar presidente de honra de uma Seção Internacional do PT. Com as bênçãos de jornalistas que hoje torcem para que Israel desapareça no Mar Morto.

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